domingo, 20 de abril de 2014

EUA congelam bens da Telexfree


Comissão de Valores Mobiliários americana afirma que empresa é 'máquina de fazer dinheiro' para acusados 

A Justiça dos Estados Unidos determinou o congelamentos dos bens do grupo Telexfree, acusado de ser uma pirâmide financeira que amealhou cerca de R$ 3 bilhões em todo o mundo. No Brasil, estima-se que 1 milhão investiram no negócio. O pedido foi feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) americana, que considerou a Telexfree uma "máquina de fazer dinheiro" operada por um grupo de oito acusados, dos quais dois brasileiros. 

A Telexfree diz ter levantado cerca de R$ 3 bilhões, mas a documentação em poder da CVM americana, por enquanto, só confirma a existência de R$ 674 milhões – o paradeiro da maioria desse volume, entretanto, segue desconhecido. 

Ainda assim, o bloqueio judicial permitiu assegurar "milhões de dólares e impedir a dissipação dos bens dos investidores" atraídos para uma "pirâmide financeira sofisticada" disfarçada de venda de telefonia VoIP, segundo a CVM. Nos últimos meses, os acusados tentaram desviar R$ 67 milhões da empresa, parte desse valor para contas em Cingapura e na República Domincana. 

 A decisão pelo bloqueio foi dada pela Justiça americana na quarta-feira (16), um dia depois de a Telexfree ser declarada uma pirâmide por uma unidade de fiscalização de Massachusetts, onde a empresa tem a sede. Pouco antes, a empresa havia entrado com um pedido de recuperação judicial. 

São acusados de operar a fraude 
 James Matthew Merrill, Steve Labriola e o brasileiro Carlos Wanzeler, fundadorSão es da Telexfree e Joseph H. Craft, presidente financeiro do grupo. 

A medida, entretanto, também atingiu grandes divulgadores: o brasileiro Sanderley Rodrigues, premiado como líder mundial do negócio em 2013; Randy Crosby, Faith Sloan e Santiago de la Rosa. Em 2006, Rodrigues já havia sido acusado de liderar uma outra pirâmide financeira nos Estados Unidos. A reportagem não consegui contato com Crosby, Faith e de la Rosa. 

Empresa promete pagar R$ 2,5 bilhões, mas fatura R$ 2,9 milhões 
Os pequenos empresários Merrill, Wanzeler e Labriola criaram a Telexfree em 2002 nos EUA, mas o negócio ganhou força em 2012, quando tomou a forma atual e começou a fazer sucesso no Brasil. A Telexfree promete lucro rápido na venda de pacotes VoIP e colocação de anúncios na internet. Para aderir, os investidores têm de pagar taxas de adesão. 

Segundo a CVM americana, entretanto, a Telexfree faturou apenas R$ 2,9 milhões com vendas de pactoes VoIP entre agosto de 2012 e março de 2014, ou pouco mais de 1% dos R$ 2,5 bilhões que prometeu pagar aos divulgadores. Nesse período, a empresa vendeu 26,3 mil pacotes VoIP, embora admita ter cerca de 700 mil divulgadores em todo o mundo. 

 Assim, o negócio se sustenta das taxas de adesão pagas pelos associados, acusam as autoridades americanas. No Brasil, estima-se que a Telexfree tenha atraído cerca de 1 milhão de pessoas entre 2012, quando começou a atuar, e junho de 2013, quando o braço brasileiro foi bloqueado a pedido do Ministério Público do Acre. O processo, que pede ressarcimento aos divulgadores, ainda não julgado. 

 O bloqueio no Brasil também não impediu que a Telexfree continuasse a captar gente no País. Como o iG mostrou, a empresa ainda permitia a adesão de residentes daqui por meio de suas unidades nos Estados Unidos. Procurado, o Ministério da Justiça não se pronunciou. 

Em março, acuada pelas investigações das autoridades de Massachusetts, a Telexfree decidiu obrigar os divulgadores a venderem pacotes VoIP para poderem receber os bônus prometidos. 

A mudança despertou a ira dos divulgadores, que invadiram a sede da empresa. mesmo sabendo que a pirâmide havia ruído, os responsáveis continuaram a atrair mais gente para o negócio, acusa a CVM americana.

Os responsáveis pela Telexfree ainda não responderam ao pedido de comentário da reportagem.  

Chances de divulgador recuperar dinheiro são pequenas 

Na avaliação do secretário de Estado de Massachusetts, responsável pela primeira declaração oficial de que a Telexfree é uma pirâmide financeira, é improvável que os divulgadores consigam reaver o dinheiro investido no negócio. 

 “Quando você tem um esquema desses, é improvável que as pessoas recuperem o dinheiro”, afirmou William Galvin, em entrevista à rádio WSRO, uma emissora de Massachusetts destinada à comunidade brasileira. “Sempre vai faltar dinheiro nesses casos.” Em contas apresentadas à Justiça numa tentativa de entrar em recuperação judicial, a Telexfree afirmou ter dívidas de R$ 1,4 bilhão, mas ativos de R$ 269 milhões. 


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