terça-feira, 1 de abril de 2014

Documentos dizem que Figueiredo soube antes do atentado do Riocentro


Bomba foi detonada dentro do Puma no Riocentro, aa noite de 30 de abril de 1981
Foto: Anibal Philot / Anibal Philot/ Arquivo O Globo
Documentos obtidos pelo jornal "O Globo" indicam que o atentado à bomba no Riocentro, em maio de 1981, era do conhecimento prévio de João Batista Figueiredo, último general a ocupar a Presidência da República durante a ditadura militar. 

A informação Figueiredo sabia dos planos do atentado foi revelada em depoimento prestado pelo ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Otávio Medeiros, morto em 2005. 

Os detalhes da ação teriam sido informados ao próprio presidente João Figueiredo e ao chefe de gabinete dele, general Danilo Venturini, mais de um mês antes do atentado, de acordo com o depoimento. 

Figueiredo morreu em 1999. Dias depois do atentado, em um discurso, ele condenou a ação. O Jornal Nacional procurou a família do general para que se manifestasse sobre a divulgação dos documentos. O neto dele, o empresário Paulo Figueiredo Filho, afirmou categoricamente que o então presidente não foi informado com antecedência do plano para detonar uma bomba no Riocentro. Ele disse que o atentado causou surpresa, espanto e indignação no avô. O Exército não quis se pronunciar sobre o assunto. 

(ESPECIAL "50 ANOS DO GOLPE MILITAR": a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, desencadeou uma série de fatos que culminaram em um golpe de estado em 31 de março de 1964. O sucessor, João Goulart, foi deposto pelos militares com apoio de setores da sociedade, que temiam que ele desse um golpe de esquerda, coisa que seus partidários negam até hoje. O ambiente político se radicalizou, porque Jango prometia fazer as chamadas reformas de base na "lei ou na marra", com ajuda de sindicatos e de membros das Forças Armadas. Os militares prometiam entregar logo o poder aos civis, mas o país viveu uma ditadura que durou 21 anos, terminando em 1985. Saiba mais). 

 O caso

Na noite de 30 de abril de 1981, milhares de pessoas participavam de um show em homenagem ao Dia do Trabalho, organizado por entidades de oposição à ditadura. 

Durante a apresentação da cantora Elba Ramalho, duas bombas explodiram no estacionamento. Uma explodiu ainda dentro do carro dos autores do atentado: um sargento e um capitão do Exército. O sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu na hora. 

No depoimento, Otávio Medeiros disse que foi o general Newton Cruz, na época chefe da agência central do SNI, quem revelou que o atentado era de conhecimento do presidente da República. 

Nesta segunda, o general Newton Cruz negou essa versão e voltou a dizer que soube do plano de explosão das bombas cerca de uma hora antes do atentado. 

O depoimento dado pelo general Otávio Medeiros está arquivado há 14 anos no Superior Tribunal Militar, em Brasília e aberto à consulta pública. 

A Comissão Nacional da Verdade, que apura violações de direitos humanos ocorridas na época da ditadura, vai realizar ainda neste mês uma audiência no Rio de Janeiro sobre o atentado à bomba do Riocenro. 


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