quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Vídeo mostra Rei do Passinho fugindo e gritando


Vídeo mostra Rei do Passinho fugindo e gritando por socorro

Segundo a polícia, Gambá foi morto buscando proteção. Câmeras de vigilância mostram ele tentando subir em um ônibus em movimento. Ele cai, se levanta rápido e sai cambaleante, entrando em uma rua.

De dia, gesseiro na obra. De noite, dançarino, criando um novo passo: o passinho - o funk das favelas do Rio, suavizado, gingado, com uma influência universal.

“Todo mundo adorava o Michael Jackson, adorava o moonwalking. Foi daí que eu fui aprendendo algumas coisas”, conta Gualter Rocha, o “Rei do Passinho”.

Gualter Damasceno Rocha, o “Gambá”, aprendeu tanto que virou astro. Participava dos campeonatos chamados duelos de passinho. De shows na TV.

No dia 30 de dezembro, fez show com Preta Gil. Dois dias depois, estava morto, anônimo, enterrado como indigente, reconhecido apenas cinco dias depois pela família.
Nesta sexta-feira (10), dois homens foram presos pelo crime. A história começa na Favela de Manguinhos, uma área ainda dominada por traficantes, onde Gambá passou a virada do ano em um baile.

Às 7h da manhã, ele não quis ir embora com o irmão e um amigo. “Quis ficar dançando mesmo, como costumava ficar”, lembra Danilo.

Gambá só é visto de novo quatro horas depois, já fora da favela. Às 11h, entra em um posto de gasolina, pedindo ajuda. Diz que está sendo perseguido e que alguém quer matá-lo. É expulso do local.

As câmeras de vigilância de duas empresas mostram Gambá tentando subir em um ônibus em movimento. Ele cai, se levanta rápido e sai cambaleante, entrando na rua lateral. Tenta se esconder, sempre conferindo se há alguém atrás dele. Gambá bate em todas as portas, segundo testemunhas, grita por socorro. Nenhuma porta se abre. Ele está sem camisa. Desarmado e desesperado. Gambá sai da área de cobertura, as câmeras continuam gravando, mas não registram ninguém na perseguição.

Que ameaça era essa que fez Gualter correr tanto? De quem ele estava fugindo? Isso a policia ainda não sabe. O que os policiais sabem é que Gualter foi morto buscando proteção.

Quando finalmente Gualter encontrou um portão aberto, foi o de uma casa, onde vive um casal de idosos com uma filha adulta. O marido, que tem uma doença crônica, estava sentado na frente da residência quando Gualter entrou correndo pelo portão. As mulheres dizem que levaram o doente para dentro de casa e trancaram a porta e não viram mais nada.

“O que a gente diz é o seguinte: que ele entrou vivo, falando e saiu carregado e morto”, diz o delegado Giniton Lages

A dona da casa, que teme ser identificada, diz que ela e a filha gritaram apavoradas, e que outras pessoas entraram no pátio, atrás de Gualter.

“Entraram para lá, muita gente. A gente não viu quem foi”, conta a dona da casa, que diz que nega ter visto Gualter sendo espancado. “Não, não vi nada. Não ouvimos nada”, afirma.

Mas se não havia ninguém perseguindo o rapaz, quem entrou na casa? Segundo a polícia, dois homens, presos anteontem: José Antônio Ferreira Dias, vizinho da família; e Carlos Emílio Siqueira, supervisor de uma empresa de segurança instalada na rua. Três testemunhas viram os dois arrastarem o corpo de Gualter para fora da casa.

“Eu quero dizer que eu não matei ninguém. Nada”, diz o vizinho. “Quem matou ele? Quer que eu diga pra senhora? As drogas”, afirma o segurança.

O laudo do Instituto Médico Legal diz que Gualter não estava sob efeito de drogas, nem de álcool. Comprova que o rapaz foi brutalmente espancado, com lesões em todo o corpo. E que a causa da morte foi asfixia mecânica. O Rei do Passinho foi estrangulado.

“Essas duas pessoas combinaram seus depoimentos. Eles mentiram no que diz respeito ao que aconteceu ali dentro”, garante o delegado.

Um terceiro homem ajudou a tirar o corpo. Ele ainda não foi identificado. Um curioso que parou para observar Gualter desde o início da rua. Correu para se juntar à confusão. E foi filmado de novo, indo embora, quando a polícia chegava.

“Esse mundo de hoje, as pessoas assim, com a mão no coração, fazer uma brutalidade dessas. Eu não sei o que leva uma pessoa a fazer isso. Difícil entender, difícil entender”, lamenta Johne Rocha, irmão de Gualter.
Gostou? Então divulgue! TwitterFaceBookGoogle Buzz
Loading

Nenhum comentário: