Arruda afirma que ajudou políticos do DEM de todos os estados e que tudo era feito com o aval do então presidente do partido, deputado Rodrigo Maia, e só ele poderia dizer se o dinheiro repassado era declarado. Ele ainda diz ter ajudado o atual presidente do DEM, senador Agripinio Maia, o líder do partido no Senado, Demóstenes Torres, além do deputado ACM Neto.
Segundo Arruda, o deputado Ronaldo Caiado, de Goiás, apresentou-lhe um empresário do setor de transportes que queria linhas em Brasília, mas não esclarece se ajudou. Em outro ponto da entrevista, o ex-governador afirma que teria ajudado o senador Cristovam Buarque, do PDT, no pagamento de dívidas na campanha presidencial de 2006.
José Roberto Arruda também diz que deu dinheiro para as campanhas da prefeita de Natal (RN), Micarla de Souza, do PV, e do ex-senador Marco Maciel, do DEM. O ex-governador revela ainda que o PT de Goiás também teria sido beneficiado em troca de apoio no Entorno de Brasília e que sempre ajudava o PSDB quando o presidente da legenda Sérgio Guerra e Eduardo Jorge pediam.
Arruda está afastado da vida pública desde o início do ano passado, quando teve o mandato cassado pela Justiça eleitoral por infidelidade partidária. Na época ele deixou o partido, o DEM, para não ser expulso. Depois de ter sido preso, suspeito de chefiar um esquema de corrupção no GDF.
Tudo começou com a divulgação de um vídeo, de 2006, em que Arruda recebe dinheiro de Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM de Brasília. O ex-governador foi indiciado pela Polícia Federal. O caso está no Ministério Público Federal, que pode ou não denuncia-lo à Justiça.
O deputado Ronaldo Caiado disse que as declarações de Arruda são mentirosas, mas confirma que esteve com o ex-governador e outros 15 empresários para tratar de questões do transporte no Entorno.
Em nota, o também deputado ACM Neto explicou que Arruda guarda ódio e rancor de quem ajudou a expulsá-lo do Democratas. Ele nega que tenha recebido ajuda do ex-governador no financiamento de campanha.
O deputado Rodrigo Maia alega que todas as doações foram feitas de forma legal para o Democratas e, de acordo com ele, está tudo registrado na contabilidade do partido e à disposição do TSE.
O senador José Agripino Maia afirma que as declarações são infundadas, vindas de uma pessoa magoada por ter sido expulsa do partido. O senador Demóstenes Torres afirmou que as declarações de Arruda são uma história sem pé nem cabeça e que vai processá-lo judicialmente.
O senador Cristovam Buarque nega que tenha recebido ajuda do ex-governador Arruda. Ele confirma que saiu endividado da campanha de 2006, mas essas dívidas teriam sido perdoadas pelos credores, por isso não aparecem na prestação de contas do TSE.
O senador Sérgio Guerra disse que nunca pediu e nunca recebeu qualquer contribuição do ex-governador para o PSDB. O secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge, disse que o partido recebeu contribuição legal , declarada ao TSE.
O diretório do PT Goiás não quis comentar a entrevista. A prefeita de Natal-RN, Micarla de Souza, e o ex-senador Marco Maciel (DEM) não foram encontrados.
O advogado de Arruda, Nélio Machado, afirmou que a entrevista desagradou ao ex-governador porque está fora de contexto. De acordo com ele, ela foi dada em setembro do ano passado. O advogado acusa a revista de pinçar trechos da entrevista de forma ardilosa num momento em que o partido Democratas passa por uma crise.
A editora Abril, que publica a revista Veja, não quis comentar o assunto.
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