Ceilândia cresceu de forma desordenada nos últimos 40 anos e, como já não pode crescer para os lados, agora está se expandindo para cima, com a construção de inúmeros prédios. A população oficial é de 350 mil pessoas, isso sem contar os moradores dos condomínios. A administração estimar que a população pode ser de até 600 mil pessoas.
A especulação imobiliária também chegou à cidade. Há seis anos, uma casa na área central com dois quartos, sala, cozinha e banheiro saía por R$ 60 mil. Hoje, um imóvel semelhante não sai por menos de R$ 280 mil. “Normalmente é o cliente que vendeu um imóvel mais caro e quer dividir aquele valor por dois. Ele vem aqui, compra a sua residência e consegue comprar mais uma. Para que tenha algum rendimento, vai conseguir algum lucro naquilo, tanto na valorização que é emergente, quanto para sua renda aumentar”, explica o corretor de imóveis Peron Meireles.
Segundo pesquisa feita pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), 46,1% dos domicílios em Ceilândia são próprios e já foram quitados; 4,3% é próprio e está sendo pago; 22,6% dos domicílios são alugados e 18,5% das casas estão em terrenos não legalizados.
O Condomínio Sol Nascente é um dos exemplos de área que ainda não foi regularizada. A dona de casa Seijane Neis Venâncio foi uma das primeiras a chegar, em 2004 e conta que a região estava tomada por vegetação. A família de Seijane fugiu do aluguel caro, que normalmente leva a culpa para o inchaço de onde não se deveria morar. Os grileiros mediam a compra de imóveis ilegais e o governo fecha os olhos.
Os condomínios irregulares acabam se tornando uma opção, mas não oferecem infraestrutura ou garantias. O cobrador Francisco Carlos Mendes se arriscou e comprou um imóvel em área não regularizada. “Tudo para sair do aluguel. O que a pessoa não faz?”, explica.
A supervalorização imobiliária também chegou ao Condomínio Sol Nascente. “Nós compramos esse lote por R$ 10 mil. Uma semana depois, já estava R$ 12 mil. Depois R$ 13 mil. Foi para R$ 15 mil. O preço foi correndo assim de um dia para o outro. Hoje um lote aqui está custando de R$ 40 mil a R$ 50 mil. Uma casa sai por R$ 150 mil, dependendo da estrutura”, conta Carlos Mendes.
Na Guariroba, a pressão do mercado imobiliário também está presente. A aposentada Zeli Santos da Silveira aluga há 18 anos uma casa construída nos fundos de seu imóvel. “Como eu tenho doença crônica, eu precisava de um plano de saúde, só que nós não tínhamos condições de pagar. A gente resolveu fazer um barraco de aluguel. É a minha fonte de renda”, explica.
A dona de casa Karla Gomes, que aluga o barraco nos fundos da casa de Zeli, afirma que o aluguel barato justifica a escolha. “Meus planos era morar mais para cima, porque a gente era acostumado a morar mais ali na via leste, que tem mais comércio. Só que a gente andou muito e não achou. Aqui no P Sul vai ficando mais barato o aluguel”, conta.
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