Fumaça é vista no reator 1 da usina de Fukushima; Japão diz que reduziu radiação
Depois de lançar toneladas de água nos reatores da usina de Fukushima Daiichi, no Japão, a operadora Tokyo Electric Power (Tepco) conseguiu baixar ligeiramente os níveis de radiação no local.
Segundo a agência de notícias Kyodo, os níveis caíram para 279,4 microsieverts por hora aproximadamente um km oeste do reator 2, às 5h desta sexta-feira (17h de quinta-feira em Brasília). Às 20h40 de quinta-feira (8h40 em Brasília), pouco depois do lançamento de água, o índice era de 292,2 microsieverts por hora.
De qualquer forma, o índice ainda está muito acima do nível de radiação normal de 0,035 microsievert por hora.
As equipes lançaram cerca de 64 toneladas de água no reator 3, com helicópteros e caminhões de combate a incêndio das Forças de Autodefesa (equivalente ao Exército). Um caminhão com jato de água da Polícia Metropolitana, utilizado para conter motins, também foi utilizado na operação.
A companhia disse mais cedo que o vapor que saía do reator 3, parcialmente destruído, estava menos tóxico, o que sugere que a piscina foi efetivamente resfriada. Caso a temperatura não tivesse diminuído, a piscina emitiria um número maior de materiais radioativos.
Tokyo Electric Power/Reuters | ||
Vista aérea mostra danos ao reator 4; autoridades suspeitam de superaquecimento na piscina de combustível |
Durante a reunião da cúpula da força-tarefa o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, chegou a agradecer a equipe pelo empenho em "operações tão perigosas".
Diante do sucesso da operação, o secretário do Gabinete Yukio Edano disse a repórteres que o lançamento de água deve continuar nesta sexta-feira. O objetivo primário é impedir qualquer vazamento massivo de materiais radioativos da piscina para o ar.
O aumento da temperatura da água desta piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a água se dissipe e exponha as varetas de combustível nuclear usado. Sem o líquido, que as isola do exterior, elas ficam então suscetíveis às altas temperaturas e podem derreter. No pior dos cenários, podem liberar material altamente radioativo.
A mesma fumaça branca vista no reator 3 foi confirmada no reator 2, sugerindo que a piscina de combustível usado também pode estar em ebulição.
As autoridades estão preocupadas ainda que este mesmo processo esteja ocorrendo no reator 4, já que a piscina teria ficado exposta com a explosão de hidrogênio no começo da semana. Segundo a agência nuclear japonesa, os esforços de injeção de água fria vão focar também neste reator.
ENERGIA
Em outra boa notícia, o Japão informou que engenheiros conseguiram colocar um cabo de energia da rede externa do reator 2 da usina nuclear de Fukushima Daiichi.
"Eles planejam religar a energia na unidade 2 assim que o lançamento de água sobre o reator 3 estiver finalizado", disse a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), em um comunicado, com base em informações cedidas pelo governo japonês.
Kyodo News/AP | ||
Sobreviventes do terremoto e tsunami de sexta-feira (11) vasculham por bens em Kamaishi |
O cabo, de mil metros de extensão, ligará a rede principal de energia ao reator para tentar reativar o funcionamento das bombas de água responsáveis pelo resfriamento do reator 2 --que foram desligadas depois do terremoto e tsunami da última sexta-feira (11).
A agência nuclear do Japão disse que o reator 2 foi o primeiro a receber eletricidade porque sua cobertura não foi afetada.
SÉRIO, MAS ESTÁVEL
Mais cedo, a AIEA informou que a situação nos reatores danificados da usina nuclear continua sendo "muito séria", embora não tenha piorado desde a última quarta-feira (16).
Graham Andrew, assessor do diretor-geral da AIEA, declarou à imprensa que a situação no reator quatro da usina é a 'de maior preocupação', já que não se sabe nada sobre o nível de água nos reservatórios de combustível nuclear e nem sobre sua temperatura desde 14 de março. Os especialistas da AIEA não descartam que esteja fervendo, o que aumentaria drasticamente a temperatura e pressão e poderia causar uma explosão.
A situação dos reatores 1, 2 e 3 é "relativamente estável", disse Andrew. Já a temperatura nas piscinas de resíduos nucleares dos reatores 4, 5 e 6 é muito superior ao permitido, chegando ao triplo do recomendado.
Em todo caso, o especialista da AIEA advertiu que ainda é 'muito cedo' para poder dizer que há esperança para a crise nuclear em Fukushima.
"É provável que [a situação] não tenha piorado, mas ainda é possível que piore. Não quero especular", disse Andrew, que está a caminho do Japão, onde o diretor-geral, Yukio Amano, pretende visitar pessoalmente o local.
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