A partir das 19 horas, três dos quatro portões do Parque da Pedra da Cebola ficam fechados
As informações são do novo secretário municipal da Fazenda, Anckimar Pratissolli, cuja posse aconteceu ontem, em uma cerimônia no auditório da prefeitura, juntamente com os novos titulares de outras sete pastas e da Companhia de Desenvolvimento de Vitória.
Funcionário de carreira da prefeitura desde 1992, Pratissolli assume o cargo deixado por Maurício Duque (PSB) - novo secretário de Estado da Fazenda - com o desafio de sanar as finanças do município. Segundo ele, o valor vai ser pago na medida em que a prefeitura conseguir economizar na execução orçamentária de 2011 e 2012. Mas não há um prazo determinado para cobrir a dívida - minimizada pelo novo secretário como um "pequeno problema".
Para fazer essa economia, afirma Pratissolli, a prefeitura vai manter, "pelo prazo que for necessário", o decreto baixado pelo prefeito nos primeiros dias do ano, suspendendo gastos com diárias, locação de veículos, patrocínios para eventos, desapropriação de imóveis, cursos para servidores, contratações e realização de concursos. "Vamos manter essa política de austeridade", declarou. Por ora, a prefeitura não planeja ampliar essa contenção de gastos para outros itens.
Buscando recuperar o equilíbrio financeiro, o novo secretário também aposta na união entre as secretarias. "Em conjunto com as secretarias, coesas em torno desse novo desafio, vamos buscar adequar a nossa receita às nossas despesas", disse ele.
Retenção do orçamento
Além do decreto já publicado por Coser, a Comissão de Administração Financeira e Orçamentária - criada para controlar os gastos de todas as secretarias - estuda a possibilidade de editar uma resolução que estabeleça o contingenciamento de um percentual do orçamento do município em 2011. Nesse caso, determinada fatia do orçamento ficaria retida até segunda ordem.
Segundo a secretária de Gestão Estratégica, Marinely Magalhães - que faz parte da comissão junto com Pratissolli e outros secretários -, ainda não se sabe se o congelamento dos gastos será necessário. Um estudo sobre o quadro financeiro da prefeitura deve ser apresentado a Coser no início de fevereiro, quando então ele deve se decidir se confirma ou não a resolução.
"Os secretários estão coesos e assumem sabendo desse pequeno problema (a dívida de R$ 35 milhões da prefeitura). Vamos manter a austeridade e atuar junto com todos, para podermos liquidar esse pequeno problema" Anckimar Pratissolli, Secretário da Fazenda de Vitória
Nem a vigilância de parques escapa de corte
Se for passear pelos parques municipais de Vitória, prepare-se: todos eles tiveram mudanças no sistema de segurança e, agora, estão com menos vigilantes. O horário de funcionamento é o mesmo - das 5h às 22h, com exceção de segunda-feira, dia da limpeza - mas a partir das 19 horas o acesso aos parques está mais restrito. Tudo para conter as despesas.
Na Pedra da Cebola e no Parque Moscoso, por exemplo, funcionários afirmaram que a redução veio por decisão do prefeito, assim como outras ações administrativas. "Há corte de hora extra e de serviços terceirizados", disse uma das funcionárias, que preferiu não se identificar.
Mas o subsecretário de Gestão Ambiental de Vitória, Ronaldo Freire Andrade, disse que essa redução - que atingiu a todos os parques - veio de um estudo preliminar, feito pela prefeitura, com o intuito de analisar o fluxo de visitantes nos parques, controlando os acessos.
"O movimento por alguns portões não chegava a 20% do total. Resolvemos deixar abertos apenas os acessos principais, depois das 19 horas. Tiramos os vigias das portas, e garantimos a ronda para a segurança dos visitantes", frisou Andrade.
O subsecretário informou que houve redução geral de 25% nos contratos e disse que não poderia revelar quantos vigilantes foram reduzidos por motivos de segurança. (Maurílio Mendonça)
Prefeito diz que "só deve porque faz muito"
O prefeito João Coser também evitou falar em data para o pagamento da dívida municipal. Mas, ao explicar a formação do débito com empreiteiros, atribuiu o problema ao volume de investimentos da prefeitura com recursos próprios. E garantiu a conclusão de todas as obras já iniciadas pela prefeitura. "Como é uma cidade que investe R$ 200 milhões por ano (25% do que foi investido por todos os municípios capixabas, em 2009), é natural que a gente tenha dificuldades em alguns momentos, quando há queda na arrecadação. Estamos totalmente planejados para superar isso e continuar fazendo os investimentos e concluir as obras iniciadas", prometeu. Segundo Coser, a prefeitura hoje "só deve porque faz muito". "Temos obras de R$ 40 milhões, como a do Parque do Tancredão", explicou. O prefeito assumiu, ainda, o compromisso de transformar a Capital num exemplo na atenção básica à saúde.
Explicação
"Só tem dívida quem contrata muito e faz muito. Quem não faz nada não tem nenhum compromisso para pagar. Vitória não vai ficar parada, vendo o tempo passar" João Coser, Prefeito de Vitória
Meta é melhorar a imagem da Capital na mídia
A ex-superintendente de Comunicação do governo estadual, Beth Kfuri, assumiu, ontem, a Secretaria de Comunicação de Vitória, com o objetivo de "trabalhar no "reposicionamento da imagem da administração". A ideia da nova secretária é superar a "agenda da crise" e dar mais visibilidade às boas ações desenvolvidas pela prefeitura nos últimos oito anos. Para ela, a dificuldade financeira não prejudica a imagem da gestão, porque é momentânea e será superada. "É preciso "qualificar a relação com a imprensa", disse Beth.
Entenda a crise
- Investimento
Mesmo com a maior receita do Estado, Vitória passa por dificuldades financeiras nos últimos anos, principalmente depois da crise de 2008, que mudou o cronograma e os valores de algumas obras. Uma delas foi a dos quiosques de Camburi, cujo custo das sete unidades caiu de R$ 8 milhões para menos de R$ 5 milhões
- Contas
De 2005 para 2009, a prefeitura aumentou em 73,5% despesas com pessoal, de R$ 309,2 milhões para R$ 536,6 milhões. Só a administração consumiu, em 2009, R$ 406,9 milhões; valor bem acima dos R$ 247 milhões de 2005
- Custeio
Ainda em 2005, a prefeitura tinha 9.764 servidores; hoje, são 13.281. O orçamento do ano passado foi de R$ 1,399 bilhão, dos quais 16% foram alocados em investimentos
- Queda
Com a crise de 2008, o prefeito João Coser interrompeu pagamentos a empreiteiras e paralisou obras. No final de 2010 voltou a anunciar gastos, agora para 2011: tudo para quitar R$ 35 milhões estimados em dívidas. Os empreiteiros são os credores
- Menos dinheiro
De 2005 a 2009, as despesas aumentaram, em Vitória, mas caiu o investimento da prefeitura: os R$ 59,5 milhões em 2005 chegaram a R$ 207 ,1 milhões em 2008; que caíram 1,6% em 2009, para R$ 203,8 milhões
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