Ah, o Havaí. Surfistas encarando ondas gigantes enquantoas belas nativas dançam o hula-hula vestindo seus justos sutiãs de coco e saias de palha. Paraíso na Terra, a ilha sempre teve grande influência no mundo do surfe, e é de lá que vem mais uma novidade, para desafiar – e fazer a alegria dos surfistas do Brasil e do mundo. Releitura de um antigo hábito havaiano, o stand up surfing se baseia na utilização do remo como suporte para surfar. É praticado sempre em pé sobre a prancha, que tem entre três e cinco metros. Algumas informações se confundem a respeito da origem da modalidade. Há versões que dizem que o surgimento do esporte se deu no Havaí, outras na Polinésia. Até mesmo o vizinho Peru tem relatos que ligam seu nome ao nascimento da prática. Independentemente da real procedência,o fato é que o stand up vem crescendo como nunca e o próximo verão promete ser a oportunidade ideal para o esporte bombar no hemisfério sul. Para Rico de Souza, um dos maiores difusores do surfe no Brasil,o stand up surfing trata-se de uma modalida de inspirada nos nativos havaianos. “Eles usavam canoas para transportar os turistas que iam pegar ondas.” Isso nos primórdios anos 900, 910, muito antes de qualquer pensamento a respeito do surfe tradicional, que conhecemos hoje. O stand up tem se disseminado com rapidez pelo Brasil. Rico foi o organizador do 1º Campeonato Brasileiro de Stand Up Surfing, em Santos, no último mês de setembro. O grande vencedor foi Picuruta Salazar, surfista há 40 anos e praticante do stand up há apenas seis meses. “Para quem já surfa não há segredo. A maior diferença é o desgaste,já que você deve ficar em pé o tempo todo”, garante Picuruta. Em segundo lugar na competição, ficou Haroldo Ambrósio, o responsável por trazer a modalidade para o Brasil, em 2003. A terceira posição ficou com Carlos Bahia, que afirma que a competição foi de alto nível. “O esporte já está bastante difundido em vários lugares. Foi o que vi na Califórnia”, conta o surfista. Campeonatos já são disputados em alguns países, como México e Portugal. O stand up conta com duas modalidades: uma na qual se pega onda, em pé e utiliza-se o remo como uma força multiplicadora. A outra,conhecida como remada, trata-se de percorrer uma distância,em linha reta, sem pegar ondas. Nos dois casos, o preparo físico conta muito e toda a musculatura do corpo é exercitada. A modalidade de remada foi,provavelmente, inspirada nos guerreiros havaianos, que saíam para pescar em suas canoas e encontraram na posição “stand up”a forma ideal para se locomoverem. Esses caçadores das antigas com certeza nunca imaginaram que a sua técnica de sobrevivência viraria febre pós-moderna. Para cada modalidade, é necessário um tipo específico de prancha,como conta o shaper da empresa paraibana Inject Brasil, Raul Soares. “Para se pegar ondas no stand up, o ideal é uma prancha mais estreita,que consegue pegar velocidade e realizar manobras. No caso da remada, o melhor é uma prancha mais larga e com uma espessura maior”, conta Raul. Os preços variam entre R$ 3200 e R$ 3500. O gerente da Inject, Sílvio Santos, conta que o mar da Paraíba é ideal para se iniciar na prática. “Na Paraíba, a maré é baixa e esse tipo de condição é perfeita para quem está começando no stand up”, explica o gerente. Geralmente, longboarders e surfistas de ondas gigantes sãoos principais entusiastas do stand up. Mas nada de preconceitos. Qualquer surfista pode fazer suas tentativas. “No começo, é normal encontrar alguma dificuldade, mas depoisse pega o jeito. O mais importante é perseverar e manter o equilíbrio”, aconselha Raul. Conhecido como “yoga do surf”, pelo contato direto com o extenso horizonte azul e também pela possibilidade de se ver a fauna marítima de cima da prancha, o stand up é uma bela homenagem aos criadores da modalidade,os guerreiros havaianos – que sempre desbravararam o mar como meio de sobrevivência. Alguns dos maiores nomes do stand up, atualmente, são do Havaí: Leleo Kinimaka, Brian Keaulana e Dave Parmenter. Não poderia ser diferente. Mas a hegemonia dos nativos está ameaçada. Não faltam atletas de outras nacionalidades dispostos a se colocar de pé e experimentar este tipo de surfe. Neste caso, a ameaça é boa notícia.
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