O protesto organizado por bolsonaristas no Dia do Exército tinha como motes ataques ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pedidos como o de intervenção militar e de volta do AI-5, o mais brutal ato do governo militar durante a ditadura, responsável pelo fechamento do Congresso e por limitações aos direitos individuais.
No início da tarde, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada. O destino era desconhecido, mas pouco depois as redes sociais do presidente exibiram transmissão ao vivo que o mostra chegando à manifestação e cumprimentando populares.
Na manifestação, centenas de pessoas estavam aglomeradas, prática desaconselhada diariamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em tempos de pandemia, e manifestantes, em sua maioria, sem máscara.
Um cordão de isolamento de forças de segurança, sem equipamentos contra o contágio, teve de ser montado de última hora com a chegada do presidente.
Aos gritos de “mito”, “queremos intervenção” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”, manifestantes portavam bandeiras do Brasil e faixas com dizeres como “Intervenção militar com Bolsonaro”, “fora Maia”, em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e “A voz do povo é soberana”.
No protesto, ouviam-se apelos pelo fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um discurso entrecortado por acessos de tosse, o presidente não falou diretamente sobre a pandemia nem sobre sua intenção de flexibilizar o isolamento social, mas mandou recados como o de que “nós não queremos negociar nada”.
Além disso, insinuou que personificava o fim da “velha política”, defendeu a obediência à “vontade do povo” e disse que fará “o que for possível para mudar o destino do Brasil”. “
Eu estou aqui porque acredito em vocês.
Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás.
Nós temos um novo Brasil pela frente.
Todos, sem exceção no Brasil, têm de ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece.
Acabou, acabou a época da patifaria.
É agora o povo no poder. Mais do que o direito, vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com seu presidente para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade.
Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro.
Tenho certeza: todos nós juramos um dia dar a vida pela Pátria e vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil. Chega da velha política.
Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”, discursou ele. Ao contrário de outras vezes em que desobedeceu as orientações por isolamento vertical, Bolsonaro não chegou próximo aos manifestantes e tampouco apertou a mão de apoiadores, como recentemente ocorreu na visita ao local que abrigará um hospital de campanha nos arredores de Brasília.
Ele optou por subir na carroceria de um veículo policial e acenou, à distância, para a população.
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