Uma rebelião assustou os funcionários do Instituto de Atendimento Socio educativo (Iases) e os vizinhos da instituição em pleno feriado,Dia da Independência do Brasil. Internos agrediram agentes penitenciários, fizeram reféns e 20 deles conseguiram fugir da Unidade de Internação Metropolitana, em Xuri, no município de Vila Velha.
A confusão começou por volta das 9 horas.
De acordo com um agente, que preferiu não se identificar, inicialmente 27 internos queriam matar cinco rivais que também estão detidos no local.
“Eles conseguiram pegar dois e os colocaram de joelhos.
Eles foram mantidos reféns com estoques (facas improvisadas). Os outros dois estavam trancados em uma cela que os internos tentavam arrombar.
No meio da confusão, 20 dos internos resolveram aproveitar para fugir”, explicou.
Para escaparem da unidade, eles fizeram um buraco na parede do refeitório com pedaços de ferro, atravessaram o buraco e tiveram de pular muros com arame farpado antes de terem acesso ao matagal do lado de fora da unidade
“Deu muito medo.
Nunca tinha vivido isso.
Eles fugiram pelo refeitório”.
Segundo o Iases, o motim foi controlado às 11 horas pela gerência de segurança do instituto.
Policiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) e policiais militares em um helicóptero do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) fizeram buscas na região e encontraram três internos pela tarde.
No início da noite, mais três foram recapturados.
Eles foram levados à 2ª Delegacia Regionalde Vila Velha e estavam sendo ouvidos até o fechamento desta edição.
Os motivos da rebelião estão sendo apurados pelo núcleo de informaçãoe de segurança do instituto e pela equipe da unidade.
Informações sobre foragidos podem ser passadas para o Disque-Denúncia (181).
Relatos de agressão e roubo de roupas
Com a condição de que não fossem identificados, funcionários do Instituto de Atendimento Socioeducativo (Iases), no bairro Xuri, em Vila Velha,revelaram que cinco agentes foram agredidos.
De acordo com um funcionário, ao todo cinco agentes tiveram ferimentos provocados pelos internos.
“Os internos estavam com dois reféns nas mãos.
Eles usavam facas improvisadas no pescoço das vítimas e diziam que iriam matálos.
Os agentes conseguiram afastar os internos da cela”.
Então, os agentes foram pressionando os internos para o espaço onde eles tomam banho de sol.
Quando os internos foram encurralados para longe da cela que pretendiam arrombar, os agentes conseguiram recuperar os reféns.
“No meio dessa confusão, um agente levou um golpe de barra de ferro na barriga e ficou bem machucado.
Outro, levou o mesmo golpe na mão esquerda.
Um terceiro levou uma pedrada na cabeça e, outro, uma pedrada no ombro.
O quinto agente teve um cadeado arremessado contra sua costela”.
Por meio de nota, o Iases informou que cinco agentes socioeducativos foram lesionados, sem gravidade,encaminhados ao atendimento médico e liberados.
Segundo o Iases, um levantamento está sendo feito e os adolescentes que sofreram alguma lesão
estão sendo enviados gradualmente para tratamentos médicos. Porém, a quantidade de internos feridos não foi informada.
ROUPAS
Para não serem identificados após a fuga,alguns internos invadiram casas e fazendas da região do Iases e roubaram roupas.
A ideia era evitar que fossem identificados pela polícia devido ao uniforme da Secretaria do Estado da Justiça (Sejus).
INTERNOS DO IASES
Jovem diz que preso tem o direito de fugir da cadeia
Eles disseram que saíram do Instituto de Atendimento Socioeducativo porque “todo preso tem o direito de fugir”. Os internos, sendo dois deles de 18 anos e um de 20 anos,não serão identificados,pois ainda estavam sendo ouvidos na 2ªDelegacia Regional de Vila Velha, até o fechamento desta edição.
A TRIBUNA – Por que arebelião começou?
INTERNO 1 – O nosso café atrasou e ficamos “bolados”.
>A polícia afirma que vocês queriam matar rivais.
INTERNO 2 – A gente só fez a confusão porque estava com fome.
>Tive acesso a uma foto com reféns rendidos e ajoelhados.
INTERNO 2 –Sério? Eu não vi isso não.
Nossa, agora “ferrou ”.
>Existe guerra entre facções dentro da unidade?
INTERNO 2 - Nossa guerra é fora da cadeia.
Lá dentro, não.
>Se tiverem oportunidade, vão fugir de novo?
INTERNO 2– Todo preso tem o direito de fugir quando quiser. INTERNO 3 – Eu já estava para sair mês que vem. Mas vi todo mundo fugindo e fui no impulso
>Acreditam em recuperação?
INTERNO 2 - Em Xuri, não. Ali é fábrica de monstros.
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