Pesquisadores encontraram, em caverna da África do Sul, fósseis de mais de 15 indivíduos de uma espécie primitiva batizada de Homo naledi
JOANESBURGOImagine ficar frente a frente com alguém que tem mãos, pernas e pés idênticos aos de todas as outras pessoas que circulam pela rua, mas cuja cabeça abriga um cérebro diminuto, do tamanho do de um gorila.
Esse, em resumo, é o mistério com que se de frontaram paleoantropólogos da África do Sul ao descobrir fósseis de uma nova espécie de primo extinto do ser humano, batizada de Homo naledi.
Por um lado, a descoberta da criatura é um triunfo dos estudos sobre evolução humana.
Havia ossos de mais de 15 indivíduos numa câmara das cavernas conhecidas como Rising Star(“estrela em ascensão”, em inglês), na província sul-africana de Gauteng.
Ambos os sexos e diversas faixas etárias estão representados, o que vai permitir que os cientistas estudem em detalhes como o Homo naledi viveu e morreu.
O problema é que, por enquanto, é difícil não ficar perplexo com os enigmas ligados a esse tesouro fossilizado.
Ninguém ainda faz a menor ideia de como encaixar a nova espécie no álbum de família da espécie humana, por exemplo.
E os autores da descoberta não conseguiram datar os fósseis com precisão, outro entrave para entender seu significado evolutivo.
MODÉSTIA
O estudo descrevendo os fósseis foi coordenado por Lee Berger,da Universidade do Witwatersrand (África do Sul),e John Hawks, da Universidade de Wisconsin em Madison (EUA).
Em geral,achados com esse impacto saem nas revistas científicas mais importantes do mundo, como a “Science”ou a “Nature ”, mas o grupo acabou publicando seu trabalho numa publicação digital de acesso livre relativamente modesta, a “e Life”.
Apesar disso, a descoberta já atraiu elogios de alguns dos principais pesquisadores da área,como o britânico Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres.
Ao batizar a espécie, os antropólogos escolheram a palavra “naledi”, que significa “estrela ”na língua africana sotho.
Um dos principais motivos para o estrelato é o mosaico único de características da espécie, com traços considerados modernos e arcaicos.
De estatura modesta, o Homo naledi podia andar, correr e manipular objetos como uma pessoa hoje.
Cérebro menor que o de humanos
Ao mesmo tempo, além do cérebro com apenas um terço do tamanho do nosso, a espécie tinha dedos das mãos fortemente curvados, como os dos grandes macacos – normalmente, isso seria uma adaptação para avida nas árvores, o que soa estranho se o hominídeo estava mesmo capacitado a andar e correr como seus primos modernos.
De qualquer maneira,os dedos, ainda que longos e curvos, também estavam equipados com“almofadinhas” na ponta, um traço típico dos humanos atuais que facilita o manuseio fino de objetos e não está presente entre os grandes macacos.
Na verdade, esses enigmas também estão presentes na anatomia de outras espécies arcaicas do gênero Homo , ao qual pertence o ser humano atual, e que inclui também o Homohabilis(supostamente o primeiro a fabricar ferramentas de pedra,daí o nome) e muitos exemplares do Homoerectus, que teria iniciado a dispersão dos hominídeos para fora da África.
Mistério entre os fósseis
Um mistério à parte na descoberta dos fósseis é a concentração de tantos corpos de hominídeos numa única câmara rochosa a cerca de 30 metros de profundidade.
Durante uma entrevista coletiva nos Estados Unidos, alguns dos autores do estudo propuseram que se tratava de um comportamento ritual—os membros da espécie teriam desenvolvido o hábito de sepultar seus companheiros ali, em outras palavras.
A proposta pode ser revolucionária, pois para a maioria dos especialistas, rituais funerários só surgiram com a ascensão dos seres humanos modernos e sua expansão para fora do continente africano, a partir de uns 100 mil anos atrás.
CLASSIFICAÇÃO
Há dúvidas entre os cientistas sobre as características que justificam a classificação nesse gênero e, paraa lguns cientistas, seria mais lógico o“rebaixamento ”de certos espécies para outros gêneros.
Não está claro onde a nova espécie se encaixa nesse cenário confuso, embora o pesquisador Chris Stringer, por exemplo, veja semelhanças entre ela e certos espécimes de Homoerectus mais baixinhos encontrados na Geórgia.
Poren quanto, é cedo para bater o martelo, embora o cenário geral indique que a nossa linhagem passou por diversos experimentos evolutivos simultâneos, sem uma progressão simples de uma forma para outra.
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