quarta-feira, 14 de maio de 2014

Polícia do ES começa a utilizar novo teste para identificar criminosos


Exame balístico aponta origem de chumbo encontrado em suspeitos. Nova técnica ainda identifica resíduos pequenos, facilitando investigação. 

A Polícia Civil do Espírito Santo vai começar a utilizar, a partir deste mês, uma versão mais completa de exame balístico para identificar os autores de tiros em investigações criminais. O novo teste vai apontar a origem dos resquícios de chumbo encontrados nas mãos de suspeitos e também identificar resíduos bem pequenos, facilitando o trabalho de peritos, segundo a polícia. A novidade é resultado de uma parceria entre o órgão e pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que estudaram e aprimoraram a técnica. 

 Atualmente, os peritos buscam vestígios nas mãos dos suspeitos para ajudar a esclarecer a autoria dos crimes. O exame mais comum utiliza uma fita que absorve as substâncias que ficaram da pele. Em seguida, é aplicado um reagente. Caso apareçam pontos vermelhos, é sinal da existência de restos de chumbo, que podem ser provenientes de tiros. O problema é que, com o resultado, não é possível afirmar a origem dos resquícios. "O teste identifica os restos de chumbo, porém não diz se esse chumbo é oriundo de um disparo de arma de fogo, porque o chumbo está presente em outras atividades, em outros lugares da natureza”, explicou a perita criminal Caline Destefani. Pessoas que trabalham com alguns tipos de tintura, por exemplo, podem ficar com resíduos de chumbo nas mãos. 

Outra limitação é que ele não revela pequenas quantidades de resíduos. Os policiais dizem que muitas vezes têm certeza que uma pessoa atirou, mas mesmo assim, o exame costuma dar negativo. “A pessoa atira, a gente sabe que atirou, e ele nega porque é um direito dele, constitucional, até de ficar calado. E a gente utiliza o exame e dá inconclusivo ou negativo. Quer dizer, dificulta muito o trabalho”, contou o delegado José Lopes.

Agora, pequenas quantidades também serão identificadas, assim como a origem do chumbo. Para chegar a esse resultado, há dois anos os peritos da Polícia Civil iniciaram uma parceria com alunos de pós-graduação da Ufes. As amostras são levadas para um laboratório de química, onde passam por máquinas que normalmente são utilizadas para fazer análise de solo e petróleo. O pesquisador da universidade, Wanderson Romão, explicou que esta inovação irá contribuir nos casos investigados. “Um indivíduo pode, após efetuar o disparo, tomar um banho, lavar as mãos e tentar eliminar os vestígios. Então é importante que você tenha uma técnica que tenha essa sensibilidade”, disse Wanderson. 

Entenda a nova técnica No laboratório, a amostra com resíduos dos disparos é dissolvida em um líquido e vai para a máquina. Além de chumbo, é possível identificar bário e antimônio, dois elementos que também denunciam um possível disparo. Pelo computador, calcula-se a quantidade desses três metais, e assim é possível saber quantos tiros foram disparados e qual o tipo de arma utilizada. O exame consegue identificar, ainda, quantidades bem menores de resíduos: uma partícula em meio a um bilhão. 

Outro ponto positivo deste novo método é que ele pode obter os resultados de forma mais rápida e barata. Comparado ao uso do microscópio eletrônico, em que o resultado da análise pode demorar um dia para ficar pronto, o equipamento utilizado pelos estudantes é bem mais rápido, levando de três a quatro minutos para ter uma resposta. 

 “Nós precisamos, a cada dia, melhorar nossa técnica e gerar resultados mais conclusivos e mais confiáveis, porque a gente está lidando com crimes. Na hora de acusar uma pessoa, a gente tem que ter um resultado realmente fidedigno. Então, a gente usa da ciência junto para poder cada dia mais melhorar o nosso trabalho”, finalizou a perita Caline. 


Gostou? Então divulgue! TwitterFaceBookGoogle Buzz
Loading

Nenhum comentário: