quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ex-morador de rua, dá aula gratuita de futebol a 140 meninos.

Miniatura Ex-morador de rua, garçom do DF dá aula gratuita de futebol a 140 meninos

 Atividades começaram há três anos para ajudar garotos que usavam drogas. Miranda exige que adolescentes tenham notas altas e bom comportamento.
 Ex-menino de rua, o garçom Elias Miranda já tinha na ponta da língua a resposta para adolescentes que usavam drogas e o questionaram sobre como ele poderia ajudá-los.
Ele pegou duas pedrinhas para simular as traves de um gol e se comprometeu a ensiná-los a jogar futebol se deixassem o vício.
O caso aconteceu há três anos no Jardim Ingá, Entorno do Distrito Federal. "Sou pai, tenho um filho de 10 anos. E eu estava vendo nesse bairro que o pessoal precisava de algo, aquilo me tocava.
 Então falei que eu daria o campo, mas eles precisavam parar com as drogas.

 E deu certo. Hoje tenho uns 140 meninos em duas escolinhas. Uma tem três anos e a outra tem um ano", conta, orgulhoso.
 Mesmo ganhando pouco mais que R$ 800 por mês, o garçom afirma que não cobra das famílias nem aceita ajuda política.
As despesas -- bolas, uniformes, chuteiras e ônibus para eventuais amistosos -- ficam por conta de bicos durante a semana e da ajuda de amigos de uma unidade do Banco do Brasil na Asa Norte, onde trabalha. Os jogos acontecem aos sábados em uma pista pouco movimentada e em uma praça. "Deles mesmo eu exijo nota.
Tem que estudar. Mas eu também quero saber como eles são em casa, se têm bom comportamento com os pais. Isso me ajuda a lidar com eles em campo", diz Miranda. "Não é uma ação que gera dinheiro.

Mas gera respeito, humildade, união. Eu sempre digo que eles têm é que estudar para ser alguém na vida." Fã de Ronaldinho Gaúcho, o adolescente Rafael dos Santos, de 15 anos, confirma a fala do treinador.
"Ele acompanha mesmo, se reúne com os pais e cobra da gente.

Tem que ter nota alta. Desde que cheguei aqui, minhas notas melhoraram muito. Mas o que eu quero mesmo? Ser um bom jogador. E do Corinthians, claro", ri. Também sonhando defender um grande time no futuro, o santista Emanuel Silva, de 11 anos, afirma que nunca falta aos treinos.

 "Eu vim com o meu primo e gostei daqui. E de vez em quando vem o meu irmão também", conta. "Ele tem deficiência nas pernas, aí a gente põe um tapete no chão e ele fica no gol." Satisfeito com o reconhecimento dos pupilos, o garçom afirma que não é fácil manter as escolinhas.

"Teve dias de eu chorar mesmo e sair de perto, porque não tinha nada. Não tinha nem bola e eu fazia treinamento físico, mas eles ficavam meio assim. Eu pensava: 'O que eu vou fazer com eles?'.

Se eu não levar nada, eles voltam para as drogas de novo." Mas, mesmo com as dificuldades, Miranda afirma amar o que faz e comemora cada adolescente que deixou as drogas e integrou o grupo. "Eu sempre digo: 'O menino que você não quer, eu faço ele cidadão.' Pode vir."

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