Artigo da 'Science' alerta para necessidade de criar políticas migratórias.
Família deslocada por causa de enchente no vilarejo de Bello Patan, no Paquistão.
Com a população mundial chegando aos 7 bilhões, o impacto de todas essas pessoas sobre o meio ambiente atinge níveis sem precedentes. Um dos principais reflexos da grande quantidade de pessoas sobre a natureza que o ser humano deve sentir nas próximas décadas é a migração forçada por causa das mudanças climáticas.
O aumento de eventos como furacões, secas extremas, enchentes em regiões costeiras e em várzeas de rios, deslizamentos de encostas, entre outros, vai obrigar milhares a deixarem o local que habitam.
A extensão do fenômeno ainda é difícil de avaliar – as estimativas variam entre 25 milhões e 1 bilhão de “deslocados”até 2050, segundo levantou o pesquisador Oli Brown em livro sobre o tema, publicado pela Organização Internacional de Migração.
O professor Norman Myers da Universidade Oxford, no Reino Unido, formulou um dos números mais aceitos em publicações a respeito. Ele estimou que até 2050 existirão no mundo cerca de 200 milhões de migrantes do clima.
O fenômeno é tema de artigo publicado na edição atual da revista “Science”, que alerta que, com um aumento de temperatura entre 2 e 4 graus, conforme a estimativa do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, a remoção de populações será “inevitável em algumas regiões do mundo”, já que haverá “mudanças dramáticas na disponibilidade de água, nos ecossistemas, na produtividade rural, no risco de desastres e no nível do mar”.
O número é alto, considerando que representa cerca de dez vezes o total de todas as populações refugiadas ou deslocadas registradas atualmente. Significa ainda que, naquele ano, uma em cada 45 pessoas no mundo terá sido forçada a deixar o lugar onde vive por causa dos fenômenos climáticos.
O Delta do Rio Mekong, no Vietnã, e a extensão do Rio Limpopo, em Moçambique, são exemplos de lugares que enfrentaram êxodo de moradores por causa de enchentes. O grave problema de fome no Chifre da África também tem relação com as mudanças climáticas. Em setembro, durante encontro realizado em Roma, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou a "Aliança Mundial dos solos para a segurança alimentar e adaptação às mudanças climáticas”.
Dados apontam que, somente na África, 63 mil km² de terras agrícolas deterioradas perderam sua fertilidade. Elas precisam ser regeneradas para fazer frente à demanda por alimentos de uma população que pode duplicar em quatro décadas 40 anos.
“Os deslocamentos populacionais não vão ser só rurais. Tem mais gente vivendo nas cidades do que no campo. Sua densidade populacional é muito grande e algumas áreas são muito vulneráveis”, aponta a brasileira Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos EUA, e coautora do artigo da “Science”.
O aumento de eventos como furacões, secas extremas, enchentes em regiões costeiras e em várzeas de rios, deslizamentos de encostas, entre outros, vai obrigar milhares a deixarem o local que habitam.
A extensão do fenômeno ainda é difícil de avaliar – as estimativas variam entre 25 milhões e 1 bilhão de “deslocados”até 2050, segundo levantou o pesquisador Oli Brown em livro sobre o tema, publicado pela Organização Internacional de Migração.
O professor Norman Myers da Universidade Oxford, no Reino Unido, formulou um dos números mais aceitos em publicações a respeito. Ele estimou que até 2050 existirão no mundo cerca de 200 milhões de migrantes do clima.
O fenômeno é tema de artigo publicado na edição atual da revista “Science”, que alerta que, com um aumento de temperatura entre 2 e 4 graus, conforme a estimativa do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, a remoção de populações será “inevitável em algumas regiões do mundo”, já que haverá “mudanças dramáticas na disponibilidade de água, nos ecossistemas, na produtividade rural, no risco de desastres e no nível do mar”.
O número é alto, considerando que representa cerca de dez vezes o total de todas as populações refugiadas ou deslocadas registradas atualmente. Significa ainda que, naquele ano, uma em cada 45 pessoas no mundo terá sido forçada a deixar o lugar onde vive por causa dos fenômenos climáticos.
O Delta do Rio Mekong, no Vietnã, e a extensão do Rio Limpopo, em Moçambique, são exemplos de lugares que enfrentaram êxodo de moradores por causa de enchentes. O grave problema de fome no Chifre da África também tem relação com as mudanças climáticas. Em setembro, durante encontro realizado em Roma, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou a "Aliança Mundial dos solos para a segurança alimentar e adaptação às mudanças climáticas”.
Dados apontam que, somente na África, 63 mil km² de terras agrícolas deterioradas perderam sua fertilidade. Elas precisam ser regeneradas para fazer frente à demanda por alimentos de uma população que pode duplicar em quatro décadas 40 anos.
“Os deslocamentos populacionais não vão ser só rurais. Tem mais gente vivendo nas cidades do que no campo. Sua densidade populacional é muito grande e algumas áreas são muito vulneráveis”, aponta a brasileira Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos EUA, e coautora do artigo da “Science”.
“As favelas do Rio, por exemplo, são áreas vulneráveis. Todos os anos há deslizamentos. O crescimento urbano é mais rápido que o planejamento urbano”, acrescenta. Ela cita Santa Catarina, recentemente afetada por enchentes, como outro ponto do país que pode ser considerada como crítico em relação ao efeito das mudanças climáticas sobre a população.
O problema, segundo ela, é que no Brasil, assim como em outros lugares, os desastres climáticos acontecem, a população sai temporariamente do local, mas retorna novamente, ficando sujeita a sofrer novamente do mesmo problema. “É preciso ter um planejamento para que as pessoas não morassem lá”, diz Marcia.
“Uma das coisas importantes que citamos é que é preciso que haja um planejamento adequado para que se identifique quais são as áreas vulneráveis”, explica a professora de Harvard. Os autores do artigo da “Science” reforçam ainda que os governos precisam se mobilizar e criar políticas para assistir as vítimas das mudanças climáticas.
Uma das formas seria reduzir as barreiras para os migrantes. Exemplo de medida similar que já foi adotada é o status de protegidos temporários conferido aos haitianos nos EUA por conta do terremoto de 2010. Vistos de trabalho temporários também podem ajudar as vítimas de desastres naturais.
Recursos Naturais
Adicionalmente aos efeitos das mudanças climáticas, a escassez dos recursos naturais, em geral, é alarmante. Especialistas se reuniram este mês numa conferência em Londres para discutir como o aumento da população (estimada em 10 bilhões em 2050) vai pressionar ainda mais os recursos globais.
Nos próximos anos, o aumento da fome devido à escassez de alimentos causará desnutrição, assim como a falta de água poderá deteriorar a higiene pessoal, alertou-se. A poluição deve enfraquecer o sistema imunológico dos humanos e a grande migração de pessoas fugindo de conflitos pode propagar doenças infecciosas.
“O excesso de consumo das nações ricas produziu uma dívida ecológica financeira. O maior risco para a saúde humana é devido ao aumento no uso de combustíveis fósseis, que poderão elevar o risco de doenças do coração, além de câncer”, afirmou na ocasião Ian Roberts, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
“Uma das coisas importantes que citamos é que é preciso que haja um planejamento adequado para que se identifique quais são as áreas vulneráveis”, explica a professora de Harvard. Os autores do artigo da “Science” reforçam ainda que os governos precisam se mobilizar e criar políticas para assistir as vítimas das mudanças climáticas.
Uma das formas seria reduzir as barreiras para os migrantes. Exemplo de medida similar que já foi adotada é o status de protegidos temporários conferido aos haitianos nos EUA por conta do terremoto de 2010. Vistos de trabalho temporários também podem ajudar as vítimas de desastres naturais.
Recursos Naturais
Adicionalmente aos efeitos das mudanças climáticas, a escassez dos recursos naturais, em geral, é alarmante. Especialistas se reuniram este mês numa conferência em Londres para discutir como o aumento da população (estimada em 10 bilhões em 2050) vai pressionar ainda mais os recursos globais.
Nos próximos anos, o aumento da fome devido à escassez de alimentos causará desnutrição, assim como a falta de água poderá deteriorar a higiene pessoal, alertou-se. A poluição deve enfraquecer o sistema imunológico dos humanos e a grande migração de pessoas fugindo de conflitos pode propagar doenças infecciosas.
“O excesso de consumo das nações ricas produziu uma dívida ecológica financeira. O maior risco para a saúde humana é devido ao aumento no uso de combustíveis fósseis, que poderão elevar o risco de doenças do coração, além de câncer”, afirmou na ocasião Ian Roberts, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Os países ricos também não estão ilesos. A Europa estaria sob risco de ondas de calor, enchentes e mais doenças infecciosas, apontou Sari Kovats, uma das autoras do capítulo sobre a Europa no quinto relatório do IPCC, que será publicado entre 2013 e 2014.
“Estamos no limite do planeta. O aquecimento global está gerando um aumento nos preços dos alimentos, e essa é a maior ameaça que temos. Chegamos a um momento em que há bilhões de pessoas que querem viver bem e consumir muito, e isso não vai ser possível”, disse, em entrevista ao G1, o vice-presidente da organização Population Council, sediada em Nova York, John Bongaarts. “Com o aumento dos preços, é provável que os mais ricos consigam pagar o custo e manter um padrão de vida melhor, mas os mais pobres vão enfrentar dificuldades cada vez maiores para poder se alimentar”.
* Com informações da Reuters
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* Com informações da Reuters
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