terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dos 1006 assassinatos registrados apenas 181 foram solucionados no ES


Dos 1006 assassinatos registrados de janeiro a julho no ES, apenas 181 foram solucionados (ES)


A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vitória tenta elucidar todos os homicídios que são registrados no Espírito Santo, mas esse trabalho não é nada fácil.

Na delegacia, há uma rotina para cada assassinato registrado. "Ocorrido o crime, uma equipe de investigadores se dirige ao local, faz os primeiros levantamentos e a partir daí é feito um relatório que é passado para a autoridade policial instaurar o inquérito policial", contou o chefe da DHPP, Cláudio Victor.

Por mais que se esforce, a equipe de policiais da DHPP não consegue dar conta de solucionar todos os assassinatos que ocorrem no Estado. "O que emprerra o trabalho da polícia é a falta de informações precisas sobre a autoria e a motivação do crime. Nós temos um efetivo policial que só é capaz de apresentar os resultados que são vistos hoje. Nós temos que dar conta de procediementos anteriores, que datam 20 anos e os atuais. Então, a gente tem que saber conciliar essa situação para poder diminuir o índice de homicídios que ocorrem na atualidade para poder trabalhar depois o passado", explicou o delegado.

O Ministério Público Estadual concorda. "Os fatores vão desde a falta de políticas públicas pelo estado da administração que contribuiu para a evolução da violência como também para a inserção de estrutura de material de pessoal das instituições voltadas para o combate da violência", disse o promotor Paulo Figueira.

Uma escassez que pode ser traduzida em números. De acordo com a polícia, nos últimos dois anos, o Espírito Santo vem registrando queda na quantidade de homicídios. Ainda assim, de janeiro a julho deste ano, 1006 assassinatos foram registrados no Estado.

"Um inquérito policial não se faz com um dia de análise. Nós dependemos da saída do investigador para a rua, coleta das informações necessárias que são unidas a todos os procedimentos para que então se faça a conclusão do inquérito. Não adianta fazer a conclusão de um inquérito onde ao final não se consiga a condenação da pessoa que se tem como suspeita", alegou Cláudio Victor.

Na outra ponta da escalada da violência, mais de 13 mil inquéritos estão parados, no Espírito Santo. Há 20 anos, o Estado é o terceiro do país em quantidade de crimes sem solução. Por isso, o Ministério Público incentivou a criação de uma força tarefa na DHPP. O objetivo do grupo é concluir, até o final deste ano, todas as investigações pendentes.

Na teoria, a conta seria simples: 1083 inquéritos esclarecidos por mês. Mas, na prática, a realidade está bem distante disso. Entre janeiro e julho, a força tarefa elucidou 181 crimes, ou seja, menos de 26 a cada mês. "É pouco provável que se atinja uma meta muito grandiosa", comentou o delegado.

A dificuldade para desvendar os crimes parece tornar mais distante a realização do desejo manifestado por parentes e amigos de 11, de cada dez vítimas de homicídio. "Eu quero justiça com quem fez isso com ele para acabar com isso. Isso não pode continuar acontecendo", disse a avó de um jovem assassinado.

Nesta terça-feira (23), uma comitiva do Conselho Nacional de Justiça está no Estado visitando o poder Judiciário. O Tribunal de Justiça não cumpriu três das quatro metas estabelecidas pelo órgão. Segundo o relatório parcial do conselho, o Estado só evoluiu no que diz respeito a julgamentos. Ao todo, 86% dos 115 mil processos processos que deram entrada em janeiro já foram julgados.

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