domingo, 5 de junho de 2011

Bombeiros presos protestam também dentro de sala da Corregedoria da PM

'Tive que correr como se fosse bandido', diz sargento preso neste sábado (4).
Outro diz que cápsulas de fuzil em ação do Bope não são de manifestantes.
Sargento Monteiro é um dos bombeiros presos após invasão de quartel central no Rio  (Foto: Aluizio Freire/G1)
Sargento Monteiro é um dos bombeiros presos
após invasão de quartel central no Rio


Pelo menos 30 bombeiros que estão sendo ouvidos em uma das salas da Corregedoria da da Polícia Militar, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, continuam a protestar contra a maneira como estão sendo tratados desde que foram presos na manhã deste sábado (4).
"Passei minha vida toda salvando vidas e agora estou me sentindo como se fosse um bandido. Estamos há mais de dez horas sem comer", disse o sargento Monteiro ao G1, pelas grades da janela da sala. "Minha mulher está grávida, aí fora, nervosa, preocupada comigo.

É meu primeiro filho e ela está numa gravidez de risco", afirmou.
"Encontramos cápsulas de fuzil [no Quartel Central dos Bombeiros, após a invasão do Bope]. Bombeiro não usa esse tipo de arma", acrescentou o bombeiro preso, mostrando uma cápsula de fuzil.

Outro que protestou foi o sargento Félix. "Ficamos encurralados pelos ataques do Bope e do Batalhão de Choque. Tive que correr como se fosse um bandido. Muitas crianças chegaram a ficar sufocadas", disse, também por entre as grades do prédio da Corregedoria da PM.

Mais cedo, o corregedor da Polícia Militar, coronel Ronaldo Menezes, negou maus-tratos aos manifestantes presos, afirmando que os bombeiros estão sendo atendidos com tratamento digno e não estão mais em ônibus e, sim, em salas.
Transferência até domingo

Os 439 bombeiros presos no Rio de Janeiro serão transferidos até a manhã de domingo (5) para uma unidade-escola do Corpo de Bombeiros do estado em Jurujuba, Niterói, segundo o promotor militar Leonardo Cunha, que acompanha o caso.
Comandante do BPChoque ferido durante invasão de bombeiros a quartel central do Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Comandante do BPChoque sofreu fratura no pulso
esquerdo e luxação no joelho


“Em uma reunião com a Corregedoria dos Bombeiros e da Polícia Militar nesta tarde houve consenso que eles (os presos) serão transferidos para Jurujuba. Alguns ficarão na Corregedoria, mas ainda não sei quantos. Ainda estamos lavrando os autos de prisão em flagrante de todos eles”, disse o promotor ao G1.

Por volta das 18h30 deste sábado (4), três carros do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegaram à Corregedoria da Polícia Militar, em São Gonçalo, na região metropolitana, para onde os manifestantes foram levados. A tropa do Bope fará a escolta dos bombeiros no deslocamento aos quartéis onde eles ficarão detidos provisoriamente.

Presos responderão por três crimes

Conforme o promotor, todos os 439 bombeiros presos durante a madrugada após a invasão do Quartel Central, no Centro do Rio, irão responder por três crimes: motim, dano e impedimento ao socorro. Pelo Código Penal Militar, diz o promotor, a pena prevista para o crime de motim é de 4 a 8 anos de prisão. Pelos danos causados no Quartel General durante o protesto, os bombeiros poderão ser condenados ainda a penas de 1 a 6 anos pelo crime de dano. Pelo crime de impedimento ao socorro é prevista a pena de mais 3 a 6 anos de prisão.

“Todos os presos dentro do quartel também estão sendo enquadrados no crime de impedimento ao socorro porque impediram que viaturas e homens deixassem a unidade para cumprir missões e atender ocorrências”, diz o promotor. Líderes do protesto poderão ter a pena aumentada por incitação ao motim, segundo ele.

Os autos de flagrante dos bombeiros presos serão remetidos à Justiça Militar em até 20 dias. Segundo o promotor, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto para investigar o caso e “muito provavelmente” o Ministério Público irá oferecer denúncia contra os presos.
Bombeiros que invadiram QG da corporação estão presos no prédio da Corregedoria da Polícia Civil, em Niterói (RJ) (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)
Bombeiros que invadiram QG da corporação estão presos em Niterói

“Até o momento, não recebemos nenhum pedido de liberdade deles. O MP não tem nada contra manifestação e reivindicação por melhores condições de trabalho, mas devem ser feitas de forma pacífica”, diz o promotor.
Entre os presos há oficiais e praças. Ainda não foi divulgado quais unidades eles integram, mas "são de todo o estado", segundo Cunha.

Coronel ferido
O comandante do Batalhão de Choque da PM (BPChoque), coronel Waldyr Soares Filho, afirmou na tarde deste sábado (4) que a movimentação dos bombeiros e a invasão do Quartel Central, no Centro do Rio, poderia ser considerado um motim.

Comandante do BPChoque sofreu fratura no pulso
esquerdo e luxação no joelho (Foto: Alba Valéria
Mendonça/G1)
Com o pulso esquerdo fraturado e uma luxação no joelho esquerdo, em consequência da invasão do quartel dos bombeiros, o comandante acompanhou o trabalho de qualificação dos bombeiros presos na Corregedoria da PM. À paisana, ele contou como tudo aconteceu.
"Fui empurrado por um dos líderes da invasão.

Como era a autoridade de patente mais alta no quartel naquele momento, fui dar voz de prisão a ele. Ele me empurrou, eu tentei agarrá-lo. Ele se desvencilhou de mim, enquanto eu torcia o joelho. Logo depois, ele me empurrou de novo numa escada e, ao cair, quebrei o pulso esquerdo", contou o comandante.

O coronel Waldyr Soares Filho deverá ficar engessado por pelo menos uma semana, até que sejam feitos novos exames para que se constate se houve ou não rompimento de ligamentos.

Bombeiros que invadiram QG da corporação estão presos em Niterói (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)
'Meu filho não é bandido', diz mãe de bombeiro preso

Famílias dos bombeiros presos aguardavam durante a tarde uma solução para o caso na porta da Corregedoria da PM. Cerca de 25 pessoas ficam da grade do batalhão tentando ver a movimentação dos filhos e maridos mantidos dentro dos ônibus no pátio da unidade. Um deles conseguiu sair e tranquilizar a mãe, Marilu Fonseca, que ficou muito emocionada.

"Meu filho não é bandido. Tem um monte de gente que faz greve e não é preso. Ele é técnico em raio-x, trabalha na área médica. Ele estava no plantão e depois foi lá para o quartel onde estavam os outros bombeiros. Ele não pode ser tratado como bandido", disse a mulher, bastante emocionada.

Mais cedo, em entrevista coletiva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que os bombeiros que invadiram o quartel Central do Corpo de Bombeiros são "vândalos, irresponsáveis, que não irão de forma alguma prejudicar a imagem de uma instituição tão respeitada e querida pelo povo do Rio de Janeiro."
Segundo Cabral, os bombeiros "têm recebido um apoio jamais visto nas últimas quatro décadas. Desde a existência do estado do Rio o Corpo de Bombeiros não vê o número de equipamentos, de condições de trabalho, que recebeu nos últimos 4 anos e 5 meses do nosso governo," garantiu.
Troca de comando nos bombeiros

Após uma manhã de reuniões, o governador anunciou um novo comandante para o Corpo de Bombeiros, o coronel Sérgio Simões assume a corporação no lugar do coronel Pedro Machado. Simões era comandante da Defesa Civil do município. O motivo da substituição, segundo Cabral, foi descontrole hierárquico.
Negociação dentro do Quartel Central dos bombeiros (Foto: Rodrigo Vianna/G1)
Negociação dentro do Quartel Central dos bombeiros

"Foram eventos completamente inaceitáveis do ponto de vista do estado de direito democrático, do ponto de vista do que representa o respeito as instituições, sem falar na própria hierarquia nessa instituição tão querida pelo povo do Rio que é o Corpo de Bombeiros", continuou Cabral.

"Não há negociação com vândalos, eu não negocio com vândalos, eles responderão administrativa e criminalmente" pela invasão do quartel Central, garantiu o governador.

Cabral afirmou que há planos de aumento de salários já anunciados para os bombeiros.

"Há um programa de incremento salarial aprovado na Alerj, de R$ 2 mil, esse grupo ao final do ano já está atendido. Se não é ideal é o melhor da historia da corporação."

Segundo Mário Sérgio Duarte, comandante-geral da PM, o uso da força não era interesse do governo. "Não nos interessava o uso da força, por isso tivemos uma extensa negociação. (...) Nossa preocupação era muito grande com crianças e mulheres. Aquele grupo dizia que iria reagir de toda forma possível a qualquer ação nossa, então havia um cuidado muito grande.

Havia notícia que havia arma de fogo entre eles. A preocupação é de que alguns tivessem armas. Ouvimos alguns disparos na madrugada. Apreendemos um bombeiro com uma pistola. Tinham armas letais. Se essas armas foram levadas, vamos fazer apuração," disse.
Rotina normal

O Comando Geral do Corpo de Bombeiros garantiu no início da manhã que a rotina de atendimento à população do Rio está mantida, apesar das prisões dos bombeiros manifestantes.
Os substitutos dos 439 bombeiros detidos já assumiram seus postos segundo nota da divulgada, e postos de salvamentos dos Grupamentos Marítimos, assim como quartéis, unidades de atendimento de urgências e emergências (SAMU/GSE) e serviços de socorro (combate a incêndios, salvamentos e desabamentos, etc) estão operando normalmente.

Após uma noite inteira de negociações para que os cerca de dois mil bombeiros deixassem o quartel, a tropa de Choque da Polícia Militar e também policiais do Bope invadiram o quartel do Centro.
Para entrar no complexo, por volta de 6h10, os policiais usaram bombas de efeito moral e bombás de gás lacrimogêneo. Pelo menos duas crianças sofreram intoxicação devido ao gás e dois adultos tiveram ferimentos leves na cabeça, por conta das bombas de efeito moral que foram lançadas pelo Bope.

Desde 19h30 de sexta (3), bombeiros ocuparam o pátio e as dependências do complexo. Mulheres e até crianças se uniram a oficiais numa passeata que começou em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e que passou pelas principais avenidas do Centro, até chegar ao quartel.

Reivindicações
O Cabo Benevenuto Daciolo, porta-voz do movimento, explicou que entre as reivindicações estão piso salarial líquido no valor de R$ 2 mil e vale-transporte.
“Nós temos o pior salário da categoria no país, que é de R$ 950.
Estamos há dois meses tentando negociar com o governo, mas até agora não obtivemos resposta.
Nosso movimento é de paz e estamos em busca da dignidade. Não vamos recuar até que haja uma solução. Queremos um acordo, queremos que o governador se pronuncie”, disse o porta-voz.

O comandante do Batalhão de Choque, coronel Waldir Soares, sofreu fratura em uma das mãos e teve o joelho lesionado durante a invasão dos manifestantes. As informações foram confirmadas pela Polícia Militar (PM). Segundo a PM, ainda não há informações sobre quem seja o responsável pelas agressões.
Após a invasão e durante a madrugada, os manifestantes se alimentaram com o estoque de comida da cozinha do quartel. Eles consumiram pães, queijos, frutas e sucos.



'Meu filho não é bandido', diz mãe de bombeiro preso após invadir quartel

Famílias de manifestantes fazem vigília na porta da Corregedoria da PM.
Bombeiros protestam por aumento de salários. 439 foram presos após invasão.

Famílias dos bombeiros presos neste sábado (4) após invadirem o quartel central da corporação na noite de sexta (3) aguardam uma solução para o caso na porta da Corregedoria da PM, em Neves, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para onde os manifestantes foram levados.
Cerca de 25 pessoas ficam da grade do batalhão tentando ver a movimentação dos filhos e maridos mantidos dentro dos ônibus no pátio da unidade.
Um deles conseguiu sair e tranquilizar a mãe, Marilu Fonseca, que ficou muito emocionada.

"Meu filho não é bandido. Tem um monte de gente que faz greve e não é preso. Ele é técnico em raio-x, trabalha na área médica. Ele estava no plantão e depois foi lá para o quartel onde estavam os outros bombeiros. Ele não pode ser tratado como bandido", disse a mulher, bastante emocionada.


Bombeiros do Rio podem pegar até 12 anos de prisão, diz comandante

Coronel confirmou que fraturou o pulso após ser agredido por manifestantes.
Bombeiros foram presos neste sábado, após Bope invadir quartel ocupado.

O comandante do Batalhão de Choque da PM (BPChoque), coronel Waldyr Soares Filho, afirmou na tarde deste sábado (4) que a movimentação dos bombeiros e a invasão do Quartel Central, no Centro do Rio, já podem ser considerados um motim. Se qualificados neste crime, de acordo com o comandante, os bombeiros poderão pegar de 3 a 8 anos de prisão, sendo que os líderes do movimento, podem ter a pena agravada. E com isso, a punição pode chegar a 12 anos de detenção.
"O código disciplinar militar é rígido. Invasão de quartel é uma atitude muito grave e está previsto no artigo 149 do Código Penal Militar", disse o comandante.
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2 comentários:

Sgt BM Gilberto Pena disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sgt BM Gilberto Pena disse...

Sgt BM Gilberto Pena disse...
DURANTE A MANIFESTAÇÃO O CEL. SOARES ESTAVA DE FRENTE AO PORTÃO DA GUARDA COM MAIS 02 POLICIAIS DO CHOQUE AO SEU LADO, QUANDO OS PORTÕES FORAM FORÇADOS OS DOIS PRAÇAS SE AFASTARAM POIS NÃO HAVIA CONDIÇÃO DE SE EVITAR A ENTRADA DOS MANIFESTANTES( ERA ATITUDE MAIS PRUDENTE), O CEL. SOARES FICOU EM POSIÇÃO A FRENTE DA MULTIDÃO E QUANDO O PORTÃO FOI ABERTO O MESMO FOI LEVADO PELO VOLUME DE PESSOAS ONDE SE DESEQUILIBROU E CAIU A MINHA FRENTE, NO MESMO MOMENTO AUXILIE-O A ERGUESSE POIS TEMIA QUE O MESMO FOSSE PISOTEADO PELA MULTIDÃO, OFERECI-ME PARA AUXILIO A UMA AVALIAÇÃO PELO MEDICO DA VTR ASE POIS NOTEI QUE HAVIA BATIDO COM PUNHO CONTRA O CHÃO DURANTE O TUMULTO DA ENTRADA,O MESMO EXITOU AO TIPO DE AUXILIO POR MIM OFERECIDO PERMANECENDO NO CORPO DA GUARDA, DIANTE SUA NEGATIVA ME RETIREI UM POUCO FRUSTRADO POIS QUERIA PRESTAR-LHE ATENDIMENTO POIS PODERIA TER FEITO UMA MELHOR AVALIAÇÃO DE SEU TRAUMA NO BRAÇO. DURANTE A ENTRADA DE NÓS MANIFESTANTES EM MOMENTO ALGUM FOI OFERECIDO QUALQUER TIPO DE HOSTIL IDADE AOS COMPANHEIROS DO CHOQUE,ESTIVE A TODO MOMENTO PRÓXIMO DOS POLICIAIS E CONFESSO ABISMADO QUE ESTE PRONUNCIAMENTO DO CEL. SOARES DE TER SIDO AGREDIDO.