sexta-feira, 25 de março de 2011

Animal pré-histórico 'gaúcho' era herbívoro e tinha dentes-de-sabre

Tiarajurens 1 (Foto: Cortesia Juan Carlos Cisneros)
Ossos do Tiarajudens eccentricus mostram dente-de-sabre e dentes no interior da boca (à direita), traços que diferenciam a espécie de outros terápsidos

Espécie também possuía dentes no céu da boca.
Fóssil foi encontrado em março de 2009, na localidade de Tiaraju.


Um animal que viveu há mais de 260 milhões de anos teria sido o primeiro terápsido - ancestral dos mamíferos - a possuir dentes-de-sabre, além de dentes parecidos com os da capirava, mas localizados no céu da boca (palato). O fóssil da nova espécie (Tiarajudens eccentricus) foi descoberto por uma equipe de pesquisadores na região de Tiaraju, perto de São Gabriel, no Rio Grande do Sul.

A novidade é tema da edição desta semana da revista "Science", da Associação Americana para Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), umas das principais publicações científicas do mundo.

O professor Juan Carlos Cisneros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e um dos autores do estudo, explicou em entrevista ao G1 que este animal possui características únicas entre os que viveram na Era Paleozoica (entre 550 milhões a 250 milhões de anos atrás).

Procura pelo animal
Para descobrir a ossada, a equipe de Juan Carlos Cisneros vasculhou a região de Tiaraju, próxima à cidade de São Gabriel, em busca de rochas com idade parecida com a do Tiarajudens eccentricus.

"Nada aconteceu por acaso, nós estávamos pesquisando em uma área onde ossos como esses seriam próvaveis de aparecer", diz Juan Carlos. A prospecção começou em 2008.
Tiarajurens 2 (Foto: Cortesia Juan Carlos Cisneros)Desenho mostra como seria o animal, com dentes-de-sabre salientes e outros similares aos de capiravas, ideais para tritutar vegetais fibrosos.

Após detectarem os restos conservados do terápsido em março de 2009, um trabalho de limpeza cuidadosa e colagem dos fragmentos de ossos foi feito. "Assim que o esqueleto vai sendo montado, é possível enxergar melhor as características da anatomia do animal. Aos poucos, dá para saber com que tipo de terápsido estamos lidando", afirma o cientista. "Todo esse trabalho nunca se faz em menos de um ano."

A pesquisa divulgada na publicação americana trata somente dos dentes do animal, mas Cisneros afirma que estudos posteriores com membros anteriores e inferiores já iniciaram.
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