sexta-feira, 18 de março de 2011

"Limparemos Benghazi, sem piedade", diz TV estatal da Líbia

Estilhaços voam pelo ar após explosão perto de rebeldes em Ras Lanuf

Em meio ao clima de urgência em que a comunidade internacional assiste ao avanço das tropas de Muammar Gaddafi no leste da Líbia e à inércia do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que prepara-se para votar a resolução que pode despachar uma ação militar contra as forças do ditador, na TV estatal o regime prometeu ataques no sábado para "limpar Benghazi, sem piedade", e ofereceu anistia aos que se renderem.

"Limparemos Benghazi, toda Benghazi, dos criminosos e de qualquer um que tente ferir nosso líder e nossa revolução. Não teremos piedade contra colaboradores [dos rebeldes]", diz a mensagem do regime transmitida repetidamente durante a quinta-feira na TV estatal, prometendo ataques contra o bastião da oposição no sábado.

AFP/STR
Forças de Gaddafi começaram o bombardeio a Benghazi na tarde desta quinta; regime prometeu "limpar" cidade
Forças de Gaddafi começaram o bombardeio a Benghazi na tarde desta quinta; regime prometeu "limpar" cidade

As ameaças chegam após o regime divulgar outro comunicado alertando que ações militares externas podem resultar em danos a alvos civis e militares no Mediterrâneo como parte de um contra-ataque de suas forças.

"Qualquer ação militar externa contra a Líbia deixará todo o tráfego áereo e marítimo no Mar do Mediterrâneo exposto e [instalações] civis e militares se tornarão alvos do contra-ataque da Líbia", disse o comunicado transmitido pela TV estatal e distribuído pela agência oficial de notícias Jana.

Editoria de Arte / Folhapress

Ainda na noite de ontem (16), em meio a alertas do filho do ditador Muammar Gaddafi, Saif al Islam, de que bastavam 48 horas para a vitória contra os rebeldes na Líbia, membros do Conselho de Segurança da ONU mais uma vez falharam na tentativa de obter um consenso sobre uma ação militar para deter o avanço do regime na repressão aos opositores.

O vice-embaixador da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, disse na noite de ontem que o mundo tinha dez horas para agir antes que um genocídio ocorra nas batalhas em Ajdabiyah, prevendo o início dos confrontos para esta quinta-feira.

EUA APOIAM MEDIDAS CONTRA GADDDAFI

Mais cedo os Estados Unidos deixaram claro que apoiam qualquer medida internacional para solucionar a crise na Líbia, exceto a presença militar estrangeira, segundo afirmou o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, William Burns.

AP/APTN
Aeroporto de Benina, em Benghazi, foi um dos primeiros alvos de Gaddafi após os rebeldes tomarem aviões
Aeroporto de Benina, em Benghazi, foi um dos primeiros alvos de Gaddafi após os rebeldes tomarem aviões

Em discurso ao Comitê de Relações Exteriores do Senado americano, Burns indicou que, no momento, as forças leais ao ditador líbio Muammar Gaddafi estão a cerca de 100 milhas (160 quilômetros) de Benghazi, principal reduto dos rebeldes líbios.

"As forças de Gaddafi alcançaram avanços significativos no terreno", declarou Burns ao Comitê, quando acrescentou: "acho que se encontram só cerca de 160 quilômetros de Benghazi atualmente".

O alto funcionário indicou que os Estados Unidos apoiam qualquer medida internacional para solucionar a crise que não represente a presença de "botas militares no terreno", em um sinal que seu país mudou de posição e apoia agora a imposição de uma zona de exclusão aérea para proteger os rebeldes.

Neste sentido, indicou que os Estados Unidos querem uma "resolução de peso" do Conselho de Segurança da ONU, para poder atuar rapidamente perante o desenvolvimento dos fatos no terreno.

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