Uma das brincadeiras preferidas das crianças no período de férias escolares, soltar pipa pode representar um verdadeiro risco à vida de quem brinca e à de quem, muitas vezes, não tem nada a ver com a diversão.
No último sábado, o estudante Rafael Silveira Morellato, 27 anos, sofreu um corte profundo no pescoço ao ser atingido por uma linha de pipa com cerol, quando seguia de moto pela BR 262, em Cariacica. No momento do acidente, nem chegou a perceber o que tinha acontecido.
"Senti que havia sido cortado e sai correndo para procurar ajuda. Vi a linha da pipa, mas não consegui saber quem estava soltando. Na hora, achei que ia morrer de tanto sangue que saia", conta. Agora, ele se recupera em casa, depois de ter levado cinco pontos no pescoço.
O capitão do Corpo de Bombeiros Anderson Pimenta alerta para o perigo do uso do cerol e da realização da brincadeira próximo a rodovias e estradas, mesmo que de pouca movimentação.
"O cerol utilizado nas linhas das pipas é feito com vidro moído e cola. Ou seja, ele é feito para cortar. E mesmo quando não há cerol, a linha pode cortar se atingir uma pessoa em movimento, como foi o caso do motociclista", explica.
Ainda segundo Pimenta, os casos de acidentes com pipas também aumentam nesse período do ano devido à presença de ventos mais fortes. "O inverno é bastante propício à essa brincadeira porque a intensidade dos ventos aumenta. Mas é preciso que os pais orientem seus filhos a não se arriscarem em locais perigosos e a não colocar a vida dos outros em risco", diz.
Uma dica é procurar soltar pipa em locais abertos, onde não haja a presença de fios elétricos e estradas. Caso a linha caia em alguma fiação, não tente apanhá-la de volta, principalmente com o auxílio de objetos metálicos. Utilizar cerol? Nunca. "Além de perigoso, o material é proibido", alerta Pimenta.
"Achei que ia morrer, porque meu pescoço sangrava muito na hora do acidente"
Rafael Silveira Morellato , 27 anos, estudante
Proibição não inibie venda do produto
Apesar de ser proibida, muitas pessoas ainda produzem e vendem a mistura de vidro moído e cola - o cerol - que as crianças utilizam na linha das pipas. A lei estadual 8.092, de 2005, proíbe a fabricação e a comercialização do produto. A pena prevista para quem descumpre a legislação é de advertência e apreensão do produto, na primeira ocorrência, e de multa de aproximadamente R$ 1.800,00, em caso de segunda advertência. No Estado, não há quem fiscalize a atividade, mas quem flagrar alguma situação irregular, pode ligar para o Disque-denúncia 181.
Para a brincadeira não perder a graça
Ruas. Brincar de pipa próximo a rodovias e estradas oferece riscos tanto para a criança, que pode ser atropelada, quanto para as demais pessoas que transitam no local e podem ser atingidas pela linha
Lajes. Muitas crianças se arriscam em cima das lajes das casas para soltar pipa. O risco de caírem é grande ao caminharem sem olhar onde estão pisando
Fiação. Brincar perto de fiação elétrica é arriscado e pode causar acidentes fatais. O fio de naylon, em contato com a fiação, pode transmitir descarga elétrica para a criança
Amarrações. Não use na pipa amarrações com arames ou outros objetos metálicos. Eles são condutores de energia e podem causar choques perigosos, se entrarem em contato com a rede elétrica
Local aberto. O ideal é soltar pipa em locais amplos e abertos, sem obstáculos para a criança e para as outras pessoas que passam pelo lugar
Fio de algodão. A pipa pode ser feita com fio de algodão, mais conhecido como linha 10, que oferece menos risco de corte e, quando seco, menos risco de choque em contato com fiações elétricas
Sem chuva . Não solte pipa na chuva, porque o brinquedo se transforma em um "para-raio", quando está chovendo. Em caso de relâmpago, recolha a pipa imediatamente
Cerol. Além do risco de ferir ou matar, o cerol é condutor de energia, quando em sua composição também é usado pó de ferro
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